Graças à biotecnologia das sementes, os produtores diminuíram o uso de agrotóxicos e não precisaram expandir a área plantada por causa do ganho de produtividade
A soja transgênica, que domina quase a totalidade das lavouras do Brasil, permitiu uma economia de 72,3 bilhões de reais em despesas com pesticidas em dez anos, uma vez que a biotecnologia das sementes permite a redução do uso de agrotóxicos e diminui a necessidade de expandir a área plantada por promover ganhos de produtividade, de acordo com uma avaliação da Agroconsult, divulgada em relatório pela Bayer.
Essa economia mais do que compensou os gastos para compra de sementes transgênicas pelos sojicultores brasileiros, no mesmo período, que somaram 68,6 bilhões de reais, segundo o levantamento da consultoria publicado nesta quinta-feira (31).
O estudo apontou ainda uma redução de 834 mil toneladas no uso dos pesticidas nos últimos dez anos, já que as sementes transgênicas de soja plantadas no Brasil minimizam a aplicação de herbicidas e, principalmente, de inseticidas. A biotecnologia Bt, que oferece à cultura proteção contra insetos, foi lançada no Brasil em 2013/14.
Com o manejo mais eficiente das lavouras, os produtores também diminuíram o consumo de combustível em 183 milhões de litros e o de água em 6,2 bilhões de litros no mesmo período de dez anos. E como consequência as emissões de gases de efeito estufa foram reduzidas em 24,8 milhões de toneladas de CO2, segundo o levantamento da Agroconsult.
“Com a redução de defensivos e o aumento de 21,2 milhões de toneladas na produção de soja (em dez anos), o setor agrícola brasileiro obteve um ganho de 54,8 bilhões de reais em rentabilidade”, afirmou CEO da Agroconsult, André Pessôa, comentando em comunicado os benefícios da biotecnologia.
O volume de aumento da produção estimado em dez anos é equivalente a uma safra do Rio Grande do Sul, Estado que está entre os três maiores produtores de soja do Brasil.
Desde o lançamento da primeira biotecnologia para soja, resistente ao herbicida Roundup, em meados da safra 2002/2003, a produção de soja no Brasil cresceu de 41 milhões de toneladas para cerca de 150 milhões de toneladas, número que garantiu ao país o posto de maior produtor e exportador do grão no mundo.
Ao longo das últimas duas décadas, a biotecnologia de sementes, cujo mercado é dominado pela Bayer, evoluiu. De acordo com os cálculos da Agroconsult, o percentual de adoção das biotecnologias Bt, que reduzem a aplicação de inseticidas, passou de 4% na safra de lançamento (2013/2014) para acima de 90% em 2023/2024.
No comunicado, a Bayer destacou a terceira geração de biotecnologia de soja da Bayer, a Intacta2 Xtend, lançada em 2021/22 no país. Essa semente tem permitido aos produtores alcançar produtividades superiores a 100 sacas por hectare, segundo a empresa, ao oferecer tolerância aos herbicidas dicamba e glifosato e também proteger contra o ataque de lagartas.
“O que antes parecia inalcançável, hoje é uma realidade”, afirmou o líder de produtos de soja e algodão da divisão agrícola da Bayer, Fernando Prudente, no comunicado divulgado à imprensa.
A alemã Bayer, cuja biotecnologia de soja está presente na maior parte dos cultivos do Brasil, avalia que a adoção de seu produto mais novo para a cultura no país, a Intacta2 Xtend, pode dobrar na temporada 2024/25 em relação ao ciclo anterior.
Enquanto trabalha nos novos produtos, a Bayer avalia que a sua terceira geração de biotecnologia de soja já poderá ocupar cerca de 30% de toda a área plantada no Brasil em 2024/25, disse o líder de assuntos regulatórios da divisão agrícola da companhia para América Latina, Geraldo Berger, à Reuters, no início deste mês.