Segundo a especialista em gestão Fernanda Tochetto, a experiência materna pode ser um diferencial no fortalecimento do networking e na criação de relações mais humanas e eficazes no ambiente profissional

A conciliação entre maternidade e carreira tem sido, por décadas, um dos principais desafios para mulheres em cargos de liderança ou que empreendem. No entanto, a empresária e  psicóloga com mais de 24 anos de experiência em educação empresarial, Fernanda Tochetto, defende que a maternidade, longe de ser um obstáculo, pode se tornar um ativo estratégico no crescimento de negócios liderados por mulheres. “Ser mãe amplia a escuta, a empatia e a capacidade de decisão sob pressão — competências essenciais para quem lidera”, afirma.

Com mais de 24 anos de atuação no desenvolvimento de lideranças femininas e estratégias empresariais, a especialista observa uma mudança de mentalidade entre mulheres que ocupam cargos de comando e que são mães. Segundo ela, muitas dessas profissionais têm encontrado no papel materno um ponto de conexão legítima com suas equipes, clientes e fornecedores. “Quando a maternidade entra na conversa, surgem laços mais humanos e reais. Isso melhora a comunicação e fortalece relações comerciais”, destaca.

A especialista acredita que o networking entre mães empreendedoras ainda é subaproveitado. Enquanto muitos grupos empresariais seguem operando sob códigos rígidos e majoritariamente masculinos, ambientes voltados ao protagonismo feminino têm se mostrado mais eficazes para gerar negócios, parcerias e trocas de alto valor. “Mulheres que compartilham experiências maternas criam vínculos que vão além do cartão de visitas. Elas formam redes de apoio e negócios ao mesmo tempo”, revela.

Segundo levantamentos do Sebrae, a maternidade é uma das principais razões que levam mulheres a empreender no Brasil, seja pela necessidade de conciliar a criação dos filhos com a vida profissional, ou pela busca de mais autonomia e flexibilidade. O que começa como uma solução para a rotina, muitas vezes se transforma em estratégia de diferenciação no mercado. “Ao estruturar sua empresa, muitas mães trazem para o modelo de gestão princípios como cuidado, organização, adaptabilidade e visão de longo prazo — aprendizados que vêm diretamente da rotina com os filhos”, explica.

Na prática, isso se reflete na maneira como essas líderes constroem suas equipes, lidam com clientes e negociam com fornecedores. A escuta ativa e a compreensão das necessidades do outro — habilidades amplificadas pela experiência materna — passam a ser diferenciais competitivos. “Uma mãe empreendedora costuma identificar com mais rapidez gargalos de comunicação, desmotivação na equipe ou mudanças de comportamento no consumidor. E isso permite ações mais rápidas e eficazes”, pontua.

Para Fernanda Tochetto, o próximo passo é criar espaços onde essas conexões entre mães empresárias possam ser nutridas com intencionalidade. “Falar de negócios não precisa excluir o lado pessoal. Ao contrário: quando incluímos nossa vivência como mães, criamos vínculos mais autênticos. Isso abre portas, gera oportunidades e fortalece o posicionamento da mulher como líder.

Outro ponto importante, segundo a fundadora Tittanium Club, movimento de educação empresarial, é como a maternidade aprimora a capacidade de priorização. “Mães empreendedoras aprendem a tomar decisões com base no impacto real, e isso se traduz em mais eficiência na gestão do tempo, nos processos e na delegação de tarefas”, explica. Essa habilidade, para ela, é cada vez mais valorizada em um cenário onde o excesso de estímulos e tarefas prejudica a produtividade das lideranças.

A maternidade pode ser uma aliada poderosa na construção de culturas organizacionais mais humanas, baseadas em empatia e equilíbrio emocional. “Quando ressignificada, ela fortalece a autenticidade da mulher como líder, tornando-a mais conectada com seu propósito e com o valor que entrega ao mercado”, conclui.

By: Carolina Lara

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